Olímpico Jovem – A melhor Madeira de sempre!

Disputou-se este fim-de-semana em Viana do Castelo a 42ª edição do Olímpico Jovem Nacional. Uma competição destinada aos escalões de sub-16 e sub-18 entre as seleções de todos os distritos de Portugal continental e regiões autónomas, reunindo mais de 600 atletas de todo o país.

Luciano Abreu (foto: FPA/Luís Barreto)

O Olímpico Jovem é uma competição que envolve todas as disciplinas do atletismo de pista e traduz o trabalho de formação realizado em cada distrito e região autónoma, porque é dirigida a escalões etários em que não são permitidas transferências de atletas entre associações, a não ser por efetiva mudança de residência do agregado familiar.

Naturalmente, os distritos com maior densidade populacional, melhores condições de prática e maior número de clubes envolvidos na formação de atletas, adquirem vantagem sobre as demais. E, por isso, Lisboa e Porto são sempre favoritas à vitória. Mas distritos como Setúbal (um grande viveiro de talentos desportivos), Leiria, Braga, Aveiro, Algarve ou Santarém, apresentam sempre seleções muito fortes, com base num bastante superior número de clubes formadores de atletas.

Matias Brites subiu duas vezes ao pódio (foto: FPA/Luís Barreto)

A Madeira, apesar de ter mais de 50 clubes filiados na associação de atletismo, tem apenas quatro que fazem efetiva formação de atletas na pista. São eles: o Marítimo, o Estreito, o Jardim da Serra e ADRAP (Água de Pena). Clubes que lutam com uma enorme diferença de apoios públicos face à que é atribuída a outras modalidades e a quem são diariamente criados entraves e dificuldades na simples utilização das infra-estruturas desportivas.

Foi com o esforço e a dedicação destes clubes e dos respetivos treinadores que este ano foi possível reunir uma equipa competente e mais equilibrada para disputar as 45 provas do programa do Olímpico Jovem.

O objetivo era o de melhorar o 6º lugar conseguido em 2019. Os atletas corresponderam da melhor forma ao desafio e competiram de forma aguerrida, tendo resultado num excecional 4º lugar da classificação geral, tendo cedido apenas para Lisboa e Porto e ficando a apenas meio ponto do que seria um histórico 3º lugar!

Vitória Silva a mostrar a determinação de toda a equipa (foto: FPA/Luís Barreto)

Antes da última prova da competição (a estafeta medley mista – 100+200+300+400m) a Seleção da Madeira estava a apenas 3,5 pontos da Seleção de Setúbal. Não bastava ganhar à equipa de Setúbal! Era necessário criar um intervalo de, pelo menos, 3 equipas entre a Madeira e Setúbal, que tinha uma belíssima equipa. A única hipótese era vencer a prova (Lisboa tinha uma equipa de luxo, com 3 campeões nacionais…) e esperar que Lisboa, Porto e Braga ficassem à frente de Setúbal. Missão impossível!…

Agravando a situação, o jovem Carlos Magno, a quem competia fazer o segundo percurso, não conseguiu recuperar de mazelas que o atormentavam e já havia sido poupado à prova individual de 100 metros, de forma a que se sacrificasse na estafeta, porque não havia substituto à altura…

Foto: FPA/Luís Barreto

Mateus, Débora, Constança e Carlos

A prova começou, como era previsível, com a equipa de Lisboa a ganhar vantagem confortável até ao final do 2º percurso, com o Carlos, em grande dificuldade, a conseguir entregar o testemunho na luta pelo 4º lugar. Constança não se deu por vencida e conseguiu recuperar o segundo lugar, sem perder terreno para a recordista nacional dos 200, 300 e 400m (!). Mateus, recebeu o testemunho com cerca de 20 metros de atraso. À sua frente estava o atleta que, na véspera, lhe tinha ganho por dois segundos de diferença nos 400m barreiras… mas, desta vez não havia barreiras para atrapalhar…

A duzentos metros da meta ainda havia mais de 15 metros entre os dois, mas o Mateus não ia perder duas vezes no mesmo fim-de-semana! E antes de cortar a meta, a equipa da Madeira estava em primeiro lugar, realizando o melhor tempo de sempre (um recorde nacional que era destinado à equipa de Lisboa…)!

Uma vitória épica que a Débora, o Carlos, a Constança e o Mateus nunca irão esquecer nas suas vidas! Nem nós, que assistimos ao vivo!

 

 

A cereja no topo do bolo seria conseguir a vantagem suficiente para superar Setúbal… mas o atleta de Braga, que seguia em 3º lugar, ao sentir-se ultrapassado pelo atleta do Porto, desanimou e permitiu que o atleta de Setúbal ainda lhe roubasse o 4º lugar mesmo em cima da meta!

E foi assim que a Madeira perdeu por apenas meio ponto (em 660 pontos…).

Parabéns a Setúbal, que lutou até ao fim e tudo fez para conquistar o 3º lugar!

 

 

Mas a equipa não se resumiu ao quarteto da estafeta medley. Todos deram o seu melhor e a Madeira foi ao pódio em outras 16 provas!

Todos os 33 elementos da equipa deram um importante contributo, mas, naturalmente, há que destacar um pouco mais os que conseguiram posições de pódio, que estão no quadro seguinte:

 

Sara Perestrelo foi a revelação da equipa (Foto: FPA/Luís Barreto)

Eduarda Silva (foto: FPA/Luís Barreto)

 

De entre estes, atrevemo-nos a destacar um pouco mais:

  • a vitória de Clara Teixeira (AJS) no lançamento do martelo (48,90m) e também 3ª no disco (32,40m);
  • o 2º lugar com recorde regional (e com a mesma marca da vencedora) de Eduarda Silva (AJS) no salto com vara (3,08m);
  • o 2º lugar com recorde regional de David Pinto (CSM) nos 300m barreiras (40″38) e também 3º nos 300m (37″92);
  • o surpreendente 2º lugar de Sara Perestrelo (ADRAP) com progressos de um metro e meio no lançamento do peso (12,80m);
  • e os excelentes recordes regionais com direito a subida ao pódio, obtidos por ambas as estafetas de 4x80m: Vitória Silva (CSM), Kimberly Nunes (AJS), Glória Fernandes (AJS) e Matilde Marujo (GDE) que, com 40″58, retiraram quase um segundo (!!) ao anterior recorde; e Bernardo Silva (GDE), Rodrigo Teixeira (ADRAP), David Pinto (CSM) e Domenic Rey (GDE) que correram a distância em 36″84, retirando quase meio segundo ao anterior recorde!
  • Ainda as duas subidas ao pódio de Matias Brites (ADRAP) nos 1500m (4’13″82 – muito perto do recorde regional) e nos 800m (2’07″72) e de Anthonella Hernandez (ADRAP) no Dardo (30,47m) e no peso (10,34m), com recordes pessoais em ambas as provas.

Matilde Marujo (à esquerda) terminando os 4x80m em 3º lugar (foto: FPA/Luís Barreto)

Para o ano há mais Olímpico Jovem!

 

Alcino Pereira (DT da AARAM)